Organizamos chás de convívio, uma quinta-feira por mês entorno de um objeto escolhido do Museu, na hora do lanche, no restaurante do Museu. É um pretexto, informal, para conhecer o património da região onde se habita, criando um momento de encontro onde se fala de uma peça museológica, na conversa com amigas /amigos.
Esta segunda iniciativa de 2023, realiza-se no dia 9 de março e será apresentado o “Porta-Paz “da coleção da ourivesaria do Museu.
O Ósculo da Paz (osculatorium, instrumentm pacis) foi usado na liturgia cristã como símbolo de amor fraterno e reverencial. É um símbolo de reconciliação e de alegria em Deus. Era apenas omitido na Quinta-feira Santa, assim como nas Missas de Réquiem.
É composto em forma de um portal, com pilastras, colunas lisas e capitéis estilizados, que se abre num nicho com dossel concheado, onde se apresenta Cristo Ressuscitado. A figura de Cristo traduz o novo apelo, à descrição formal humanizada, pelos rigores de uma modelação de proporções classizantes. O conjunto é rematado por uma grande oval, duas volutas e duas urnas nos cantos.
Este Porta-paz foi oferecido à Igreja de São Salvador de Santa Cruz, por Jordão de Freitas, filho de João de Freitas, fidalgo da casa do Duque D. Diogo (irmão de D. Manuel I) e de D. Guiomar de Lordello.
O Porta-Paz parece que se encontrava já em 1516 em Santa Cruz, como é também a opinião de António Aragão (Museu Quinta das Cruzes, 1970). No entanto, em 1991, Pedro Dias pôs a hipótese de ser datada da década de 40 do mesmo século (Feitorias, L’art au Portugal au temps des Grandes Découvertes).
O Porta-paz da Matriz de Santa Cruz entrou para as coleções do Museu Quinta das Cruzes em 1946, por doação de César Gomes.
Esteve presente em 1950 na Exposição de Arte Missionária realizada em Roma e Madrid e depois, em 1951 em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, assim como em Feitorias, L’art au Portugal au temps des Grandes Découvertes, [cat.153]. Em 2005 participou na exposição Madeira nas Rotas do Oriente [cat.1], na exposição Eucaristia Mistério de Luz, na exposição “Obras de Referência dos Museus da Madeira, 500 anos de História de um Arquipélago” [cat. 13], no Palácio Nacional da Ajuda em 2010 e, mais recentemente, em 2018 no Museu Nacional de Arte Antiga na exposição “As ilhas do ouro branco, encomenda artística na Madeira, séculos XV-XVI”.